São Paulo. Liberdade. Bar
de karaokê. Quarta-feira.
Nosso dia preferido de
karaokê. O bar mais vazio nos permite cantar mais e mais à vontade.
Estávamos em sete
pessoas, dos quais seis residem atualmente em São Paulo. Cinco rondonienses e
duas acreanas.
Quando chegamos, apenas
mais uma mesa ocupada no local. Nela, um rapaz que logo resolveu que, por
sermos poucos, deveríamos interagir.
Sendo assim, cada vez que ele subia no palco para cantar, começava com um discurso oferecendo a
música aos presentes.
-Eu queria oferecer
essa música para as meninas aqui da minha mesa, para o pessoal da outra mesa
ali e para todos aqueles que pensaram que era fácil.
Mais uma rodada e ele
novamente no palco. Nesse momento, já tinha descoberto nossas origens e o
discurso começou a tomar forma.
-Eu queria oferecer
essa música para as meninas da minha mesa, para o pessoal de Rondônia, do Acre
e para todos aqueles que pensaram que era fácil.
Alguns minutos depois,
chega mais um grupo. Logo são inseridos na brincadeira.
-Eu queria oferecer
essa música para as meninas da minha mesa, para o pessoal de Rondônia, do Acre,
para o pessoal gente fina que chegou agora e para todos aqueles que pensaram
que era fácil.
Nossa referência nos
levou a descobrir que, na mesa dos novatos, tinha uma pessoa de Boa Vista. Na
nossa, estava a Carol, que canta "de verdade" e deu um show no
amadorismo (que a gente ama) do karaokê. O moço que controlava a fila da cantoria nos chamava pelo
nome que anotávamos no papel juntamente com o número da música, o que proporcionou
uma apresentação informal. Tudo isso ajudou para que o discurso do rapaz começasse a ocupar
um espaço maior.
-Eu queria oferecer
essa música para as meninas da minha mesa, para o pessoal de Rondônia, especialmente
para a Carol, do Acre, Roraima, para o pessoal gente fina daquela mesa ali, para
a Fátima, para o Celso e para todos aqueles que pensaram que era fácil.
Mais alguns minutos e
mais gente adentra o recinto. Dessa vez, um grupo que misturava brasileiros e
norte-americanos. Pareciam estar vindo de um evento mais formal. As roupas
entregavam esse detalhe. No início, tímidos, mas foram incentivados a se
juntar a nós.
-Eu queria oferecer
essa música para as meninas da minha mesa, para o pessoal de Rondônia, especialmente
para a Carol, do Acre, Roraima, para o pessoal gente fina daquela mesa ali, para
a Fátima, para o Celso, para o pessoal que chegou agora - não fiquem tímidos,
se juntem a nós -, e para todos aqueles que pensaram que era fácil.
O grupo entendeu o recado.
Em minutos se colocaram de pé, dançando e cantando. A rodada dessa vez demorou
um pouco. Quando nosso amigo voltou ao palco...
-Eu queria oferecer
essa música para as meninas da minha mesa, para o pessoal de Rondônia, especialmente
para a Carol, do Acre, Roraima, para o pessoal gente fina daquela mesa ali, para
a Fátima, para o Celso, para o pessoal que chegou agora, que já está aqui dançando,
e para todos aqueles que pensaram que era fácil.
Uma pausa. O ambiente
escuro, com luzes azuis, dava o tom. E, finalmente, ele concluiu:
-O amor... o amor não é
fácil!
<3